A INABALÁVEL FORÇA DO SER...
A INABALÁVEL FORÇA DO SER…
Caído no chão
Sobre lama semeada pelas últimas águas
Rodeado de predadores
Que vivem no submundo
Numa espera contínua
Que as suas presas lhe alimentem o ego
Sinto-me sujo sobre terra que antes acariciei
Como se fosse um corpo que a mente deseja
Não estou moribundo… estou atolado
Em algo que me chamou para pagar penitências
Ergo os braços e esboço um movimento
Não consigo descolar as pernas
Tão cansadas de caminhar por ermos sem saída
Resta-me a raiz do pensamento
A inabalável força do ser
Que me comanda e expulsa a onda nefasta que me acorrenta
Os meus olhos percorrem todo o horizonte
Os meus lábios soltam murmúrios que nem eu entendo
O meu corpo balança
Como corda esticada entre duas montanhas
Batidas pelo vento
E saio…
Saio pela noite quando a brisa arranca pedaços
Quando dentro de mim soa o clamor
De um ser que se ergue ao leme da existência
Caído no chão, sim
Para sepultar a irrascível dor da contra vida.