A INABALÁVEL FORÇA DO SER...

A INABALÁVEL FORÇA DO SER…

Caído no chão

Sobre lama semeada pelas últimas águas

Rodeado de predadores

Que vivem no submundo

Numa espera contínua

Que as suas presas lhe alimentem o ego

Sinto-me sujo sobre terra que antes acariciei

Como se fosse um corpo que a mente deseja

Não estou moribundo… estou atolado

Em algo que me chamou para pagar penitências

Ergo os braços e esboço um movimento

Não consigo descolar as pernas

Tão cansadas de caminhar por ermos sem saída

Resta-me a raiz do pensamento

A inabalável força do ser

Que me comanda e expulsa a onda nefasta que me acorrenta

Os meus olhos percorrem todo o horizonte

Os meus lábios soltam murmúrios que nem eu entendo

O meu corpo balança

Como corda esticada entre duas montanhas

Batidas pelo vento

E saio…

Saio pela noite quando a brisa arranca pedaços

Quando dentro de mim soa o clamor

De um ser que se ergue ao leme da existência

Caído no chão, sim

Para sepultar a irrascível dor da contra vida.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 24/06/2012
Código do texto: T3742084