Tolices Noturnas

A noite escura e fria, somente o som da respiração na noite, um temor, angustia, o peso da solidão, aquela sensação dolorosa de ser apenas um ser humano, em seus devaneios, medos e anseios.

Os segundos, minutos e horas passando, insones e dolorosos, o cérebro em dilemas, pulsando em espasmos de loucuras inconfessadas sob a luz do sol, pensamentos de todo tipo, em turbilhão, um caleidoscópio insano girando. Deuses e demônios se misturando em imagens, livros, musicas, sons, sensações, o medo e a angustia predominando dentre tantas sensações, a vontade de estar em outro lugar, outro corpo, outra vida, outro tempo...

O corpo amolecendo, a vista escurecendo, se sono um desmaio de excesso de pensar não poderia responder, apenas se viu anestesiada, e acordou no dia seguinte com o despertador, carregou a angustia pesada nos ombros, um coração apertado no peito, e um semblante cotidiano, que não diz nem esconde, seu habitual e insosso jeito de ser.

A intensidade da alma que pulsava dentro de si estava aprisionada, e era como deveria ficar, melhor ser a quieta que a insana, pouco mostrava de seu interior, pois sempre via certo deslumbre inicial, e logo uma espera de “estabilidade” onde não existia. A maior parte das pessoas tem momentos de empolgação, mas em si, o turbilhão era constante, mantinha um furacão sempre vivo em sua alma, entre loucuras distantes a mudanças onde estivesse. Imaginativa e fatal, sempre sonhando alem, vários ângulos, varias possibilidades e sempre cercada de pessoas que buscam uma quietude tola de seres medíocres.

Afetividade sempre foi sinônimo de carência, não demandava demonstrações de afeto, apenas gostava de ser reconhecida no que era boa, apenas isso, sem bajulação ou nhem nhem nhem, precisava ter perto de si pessoas racionais, que buscavam algo alem de estética e futilidades.

Em si nada era exato, a gama de possibilidades do mundo era seu céu e seu inferno, pois queria tocar o infinito, e queria um porto seguro onde repousar quando o infinito, porventura, tentasse engoli-la. Precisava de uma toca, um ninho em que tudo lhe fosse familiar, solitário ou acompanhado, isso nunca foi questão, gostava da companhia de algumas pessoas, mas mais de seu silencio que de suas palavras.

Se perder e se encontrar nos olhos de alguém, na voz, na respiração, talvez por isso o desejo e o tesão lhe fossem tão familiares, tinha necessidade de pele e de expressar alem das palavras suas vontades. Não havia roupa, cabelo ou unha bela que a fizesse tão inteira quanto amar sem pudor com cada poro alguém que a fazia sorrir e querer ser exatamente quem era.

O amor, esta raposa,se mostrou um jardim secreto, em que se pode descansar e se recompor mas não sanará jamais todos os anseios, é um alento, onde reerguer forças, somar esperanças, companheirismos e cumplicidade, mas não a solução dos problemas.

A noite nos traz pensamentos... Talvez sintoma de pequenos pontos sensíveis da alma, talvez somente um vislumbre pequeno do que é a alma, senão um campo de forças contrárias que se contem, em expansão, em prol de um desenvolvimento do ser mantém inteiro.

T Sophie
Enviado por T Sophie em 26/06/2012
Reeditado em 13/07/2012
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