E SORRIAS...
Sorrias…
Sorrias como o sol sorri à tempestade
Como a montanha se sobrepõe ao vale
Como o navio corta a onda no mar agitado
Sorrias do alto do teu pedestal
Alheia aos malefícios que te rodeiam
Que, qual braços desesperados de Guernica
Tentavam subir por debaixo da tua saia
Que o vento erguia como bandeira arquitetada
E sorrias…
Sorrias como se tivesses recebido uma prenda
Com a chegada da Primavera
E as andorinhas te fechassem num círculo, quais damas de honor
E chilreassem numa entoação guardada para os grandes momentos
Eras a rainha de uma festa não anunciada
Braços erguidos como se não houvesse mais Mundo
Pés assentes na rocha que ganhava metros à areia molhada
Livre, exuberante, quiçá um pouco atrevida
Sorrias…
Como só tu consegues sorrir.