E SORRIAS...

Sorrias…

Sorrias como o sol sorri à tempestade

Como a montanha se sobrepõe ao vale

Como o navio corta a onda no mar agitado

Sorrias do alto do teu pedestal

Alheia aos malefícios que te rodeiam

Que, qual braços desesperados de Guernica

Tentavam subir por debaixo da tua saia

Que o vento erguia como bandeira arquitetada

E sorrias…

Sorrias como se tivesses recebido uma prenda

Com a chegada da Primavera

E as andorinhas te fechassem num círculo, quais damas de honor

E chilreassem numa entoação guardada para os grandes momentos

Eras a rainha de uma festa não anunciada

Braços erguidos como se não houvesse mais Mundo

Pés assentes na rocha que ganhava metros à areia molhada

Livre, exuberante, quiçá um pouco atrevida

Sorrias…

Como só tu consegues sorrir.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 01/07/2012
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