eles

Ele quebra suas promessas. Ela abafa o choro com o travesseiro. Nenhum dos dois poderia dizer como chegaram aquele momento. Ele apenas chegou. E foi o fim.

Não haveriam mais tardes juntos. Os risos e os olhares de amor. Não haveriam as juras, ou o beijos. Os toques que arrepiam a pele e trazem desordem ao coração.

Tudo o que sobrou foram as raras fotos, já que ele não gostava de foto. As lembranças que ela fazia questão de juntar. Convites de festas, ingressos de cinema. Objetos sem valor que o tempo faz questão de apagar. Mas ela junta todos. Não precisa de nenhum deles pra lembrar do perfume que ele usava no dia, ou da roupa que caia tão bem nele. E ele nunca se preocupou em juntar nada, pois não precisava disso pra lembrar das palavras que uma vez ela disse a ele.

Eles não precisavam de nada disso pra lembrar do que um dia os fez tão bem. Mas ambos teimavam em deixar todos os bons momentos de lado. Ele queria ver outras pessoas, ela queria ele. Ambos ficaram cheios de brigas, de conversas mal-entendidas. “O sentimento se apagou” ele dizia. “Eu tentaria mais mil vezes com você” era o que ela queria dizer... Mas não se atrevia. Sabia que ele era cabeça dura demais. Que sempre ia criar um ou outro caso para não dar cabo a ideia. Sabia que ele ia sempre buscar outros meios de dizer não. E era exatamente isso o que ele fazia.

Ela se readaptou a ser só. Não precisava muito pra ser feliz. Mas nunca o era completamente. Faltava-lhe aquilo que tanto buscou a vida inteira, aquilo que tanto lutou pra ter do lado. Faltava-lhe ele. Aceitou ser só amiga, achando que assim um dia ele poderia reconsiderar. Mas esse dia nunca veio. Agora ela vive sozinha. Sem achar em outros o que achou nele. Dizendo a si mesma todos os dias que tudo não passava de uma ilusão... Rezando todas as noites, pedindo para se convencer que isso é verdade.

-C-