SEM AMOR, NÃO DÁ

De todos os relacionamentos, nenhum é tão destrutivo quanto este: viver com alguém que tem uma metralhadora na boca, que no menor imaginar-se ofendida desfere uma torrente de desaforos infindável incrementado de calúnias. Uma pessoa com uma auto piedade infinita, que não busca a serenidade quando ela se requer, ofendendo-se no menor desacordo e distribuindo putrefatos verbais com o propósito pensado de ferir, como se a outra pessoa fosse um inimigo mortal. Uma pessoa que não tem medida no confabular, que fala mais do que os outros mesmo na discussão pacífica, que se impõe levantando a vós e segue no seu discurso quando alguém tenta interromper-lhe o monólogo sem fim, desprovida do menor entender de que lhe é devida polidez e educação.

Na menor discussão caseira, que ela inicia apenas por ter sido contrariada, logo começa a rebuscar as honras torpes de seu passado, que há muito tinha descartado, com o propósito de ofender, de humilhar, de rebaixar, de certo para se sentir alguém, pois deve ser uma pessoa há muito recalcada por experiências negativas. Então, por seu orgulho, excremento passa a ser melhor do que a pessoa a quem ela quer agredir com suas lanças vocais.

Não é possível, tampouco saudável, conviver com alguém assim, que não tem respeito pela intimidade, jogando as fraquezas na cara e diminuindo a alguém que lhe foi amigável ao ponto de abrir-lhe a vida, mas ela despeja-lhe o barril da latrina toda vez que há uma desavença, inclusive caluniando com acusações irracionais.

Uma pessoa que se acha muito boa, que reclama a gratidão da outra por ter tido a "benesses" de viver com ela. Uma pessoa cujos familiares são melhores do que os familiares dos outros. Uma pessoa que se posta de vítima da vida, dos irmãos, do tempo e até de Deus.

Que grande pessoa ela é? Pobre coitada recalcada, que não tem diplomacia e finesa. Mal agrada as pessoas da rua, que com ela não têm que conviver, que não conhecem seu caráter de lavadeira ensandecida quando aciona sua metralhadora vocal, pois oprime mesmo os filhos com descontrole emocional e a língua aguda quando tem que instruí-los ou repreender-lhes alguma atitude, falando num completo descontrole emocional sem medir as palavras, e mesmo os bichos não escapam de seus bombardeios retóricos.

A seus olhos é a melhor pessoa que há, mas aos meus, quem não tem controle emocional, que mata contumaz com a língua sem misericórdia para, talvez, se arrepender depois, é a pior das pessoas, imunda de coração, não importando o quanto seu braços façam para contradizer este fato.

Wilson Amaral

Wilson do Amaral Escritor
Enviado por Wilson do Amaral Escritor em 10/02/2007
Reeditado em 10/02/2007
Código do texto: T375975