DOS SENTIMENTOS DIFÍCEIS - No início da madrugada de 14 de julho de 2012

Para mim não há sentimento mais terrível e doloroso do que o de causar sofrimento a alguém. Por um conjunto de circunstâncias espantosas acabei por causar sofrimento irremediável, (involuntário da minha parte) a algumas pessoas entre as quais uma pessoa de cuja existência só vim a saber há pouco tempo, sofrimento este que dói todos os dias em mim, como uma condenação. Um ser inocente, inocente como eu, inocente como o homem de um amor comum, inocente como o homem que foi companheiro meu. Prefiro falar de inocência a falar de culpa de qualquer um de nós. Do modo como a vida, ou o destino, ou o acaso (?) jogou conosco, com cada um de nós, prefiro considerar-nos, a todos, inocentes; prefiro isto a continuar crucificando-me a mim, a mim só. Melhor que eu tenha misericórdia de mim mesma e, na medida em que eu seja misericordiosa comigo mesma urge que eu seja, também, misericordiosa com todos nós. Por isso repito, ao menos para mim, ao menos diante de mim: somos todos inocentes, companheiros meus, companheiros de destino de cuja intrincada teia não pudemos escapar, de destino cujo significado e finalidade não nos tem sido nunca possível compreender. Quem sabe, ainda nesta vida, ou em outra (se a houver) esta compreensão se torne possível. Quem sabe. Confio a sinceridade desta minha presente escrita ao Deus Vivo. Eu a confio ao Deus Vivo.

No final da noite de 14 de julho de 2012.