A partida

Era final de tarde do meio de Agosto.

Ela disse pra eu me virar devagar e abrir os olhos.

Eu esperava ver tudo, esperava ver o mundo aos meus pés. Não me levem a mal, vocês esperariam o mesmo se a tivessem conhecido como eu.

Se vocês tivessem tido metade dos beijos, das noites, dos sorrisos...

Se fosse para vocês que ela tivesse dito aquelas coisas que eu sempre quis ouvir, coisas que todo mundo sempre quis ouvir.

Sempre era pouco pra nós e o nunca existia.

Eram breguisses, superfluidades, pieguisses..

E mais birras, mordidas e cheiros no cangote.

Não cansávamos de nós, por que era como se fossemos uma.

Eram horas debaixo dos cobertores quentes lá de casa só contando nossos sonhos e como faríamos para fazê-los virarem verdade. E quase todas as minhas neuras sumiam em segundos, quase todos os medos dela se iam.

Mas nessa tarde, eu virei, olhei e ela não estava mais lá.

Ela não estava mais lá.

E eu nem tive tempo de perguntar qual era o maior medo dela.

Não foi preciso, afinal.

Talita Tonso
Enviado por Talita Tonso em 20/07/2012
Código do texto: T3788702
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