A chuva e eu

E o céu cinza não cai.

Há tanto peço por chuva em mim.

Há tanto clamo por água que limpará meus ombros das culpas.

Mas não. Vai chover longe.

E choveu tanto, mas tanto!

Tenho que deixar esse corpo se levar pelas ruas de São Paulo. Seco.

Mas como, se a exaustão o rumina, decompõe, quebra?

Como, se eu estava inundada pouco tempo atrás?

Eu finalmente transbordei. Mas longe de mim.

Que seja, hoje o dia está cinza desde que amanheceu e nenhuma gota de chuva caiu.

Talvez seja um espelhamento d'alma branca, do corpo moreno, um reflexo do meu humor e amor.

As cores de minas me coloriram de uma forma que agora tudo é sem graça.

Passe, tempo!

Passe e traga a chuva pra mim.

Passe e me faça colorir os prédios que me entristessem.

Passe e não deixe que eu passe só.

Só não passe se o céu se recusar a cair.

Talita Tonso
Enviado por Talita Tonso em 30/07/2012
Código do texto: T3805280
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