A chuva e eu
E o céu cinza não cai.
Há tanto peço por chuva em mim.
Há tanto clamo por água que limpará meus ombros das culpas.
Mas não. Vai chover longe.
E choveu tanto, mas tanto!
Tenho que deixar esse corpo se levar pelas ruas de São Paulo. Seco.
Mas como, se a exaustão o rumina, decompõe, quebra?
Como, se eu estava inundada pouco tempo atrás?
Eu finalmente transbordei. Mas longe de mim.
Que seja, hoje o dia está cinza desde que amanheceu e nenhuma gota de chuva caiu.
Talvez seja um espelhamento d'alma branca, do corpo moreno, um reflexo do meu humor e amor.
As cores de minas me coloriram de uma forma que agora tudo é sem graça.
Passe, tempo!
Passe e traga a chuva pra mim.
Passe e me faça colorir os prédios que me entristessem.
Passe e não deixe que eu passe só.
Só não passe se o céu se recusar a cair.