Ao inverso
Às vezes, acho que sou ao contrário, que estou ao inverso. Ao inverso do mundo. Amo viver à noite. Gosto do silêncio, do firmamento que contemplo na madrugada, sem luzes perturbando. Gosto do meu silêncio assentado comigo no quintal, observando as estrelas e fantasiando, devaneando.
Gosto de ouvir canções bem baixinho, quase descobrindo os sons dos instrumentos e choro frente ao encanto de algumas. Outras me levam a cantarolar bem alto, um tanto perturbada.
Aprecio os meus livros. Amo-os como quem ama uma pessoa. Dialogo com eles, acarinhando suas páginas delicadamente. Faço-lhes visitas imprevistas. Pego meus livros no colo e fico namorando (sem compromisso) com eles, com uma deslealdade completa, pois sempre quero outros, quero mais, quero diferentes.
Dessa maneira, ao inverso, sou feliz.