Amar é banal?
Expressar o amor é banal?
Foi o que me falaram. Pode ser. Mas, amar é complicado.
Amar não é banal.
Amar é, antes, saltar em precipícios ou experimentar vinhos desconhecidos.
Não, amar não é simples.
É, antes, curvar-se à inevitável tempestade, é tornar-se vítima de naufrágio e desejar imergir, entregue, finalmente vencidas todas as fronteiras, rejeitadas todas as capacidades de suportar.
Amar é ansiar pelo tumulto na alma, no corpo, nos olhos que só desejam olhar o efeito óptico do amor.
É atropelar todas as impressões, confundindo-as em quase alucinação.
Amar é frenesi.
Amar inebria, entontece, como exprime a canção.
Por isso, quando amo, as colorações do universo são outras.
Os espaços são imensos se meu amor não está e, mesmo desta maneira, não me cabem, monótonos.
Mas, se o amor chega, todas as luzes se acendem e comemorações se principiam.
A consciência do meu amor torna tudo afiado, lancinante como bebida amarga e ainda assim, desejada, demoradamente aguardada.