Encontro
Minha amiga mais persistente está vindo ao meu encontro.
Pressinto-a nas noites insones e nos versos sem alento que se reproduzem como goteiras de chuva forte, como lágrimas avantajadas, espessas.
Antevejo-a em páginas infelizes, as únicas que, em seu comparecimento, leio.
Os olhos inúteis para a primavera e a esse sofrimento ao sorrir são anúncios de um encontro duradouro, cheio de silêncios.
Quando ela chega, torno-me fragmentos que vertem lágrimas pelos cantinhos de mim.
No instante em que ela se conforta em meu coração, agulha em disco arranhado, aos saltos, apaga a música e põe fim ao meu bailar.
Minha amiga mais provável havia se demorado, quase a perco na memória.
Quase esqueço que volta, volta sempre.
É manto líquido das lágrimas que teima em tirar dos meus olhos, por alguns segundos fechados para o encanto das auroras.