“Clarisse”

Às vezes fico a questionar sobre o valor da vida. Ao em vez de viver uma vida miserável cheias de dores, de solidão, de abandono, da miséria corporal e sentimental, do silêncio sofredor, da amargura presa, da autoflagelação, da alma despendida, do fôlego no quase. Penso se ao em vez de viver assim miseravelmente não seria melhor renunciar a vida? A morte como solução para uma vida sem vida. Quando Renato Russo expõe a vida de Clarisse uma vida desolada vorazmente, “vilipendiada”, destroçada pelo abandono da compreensão, ele nós remete a esse pensamento. Quatorze anos apenas e a vida por um fio. O suicídio seria a melhor alternativa ante ao sofrimento da Clarisse numa vida catalisada pelas dores da incompreensão, pelo desespero das dúvidas, pelas vias de saída fechada, pela escuridão das ideias e pelo mundo sem alternativa. “Clarisse só tem quatorze anos”, eu sei, mas a morte seria a solução, pois a vida vivida por ela não é vida é acido na carne viva. “E quantos antidepressivos e os calmantes não fazem mais efeitos Clarisse sabe que a loucura está presente e sente a essência estranha do que é a morte”. Acredito na morte como remédio quando a vida deixa de fazer parte desse âmbito vulnerável e decadente sistema emocional e habita o contrario do real, e isso é o que é a solução final quando a vida deixa de fazer sentido total, suicídio como liberdade de escolha não há sentido algum na vida da Clarisse. Mas será que insistindo em respirar não se consegue virar o jogo? Seria preciso uma transformação precisa para mudar a imagem formada que ela tem da vida e do mundo. Sei que é triste, sei que é loucura, sei que é uma tomada de decisão difícil, pois ela só tem quatorze anos.

“Clarisse” título e reflexão da belíssima música do Renato Russo.