Mundo Louco
Tiro a blusa,
Braços nus...
Tiro a fita,
Cabelos soltos...
Tiro os sapatos e descalço as meias,
Pés no chão...
Saio pra rua em busca da multidão,
Por ironia ou, simplesmente, por gozação,
Só encontro a solidão...
Ruas sem gente,
Sem carros,
Sem vendedores de pipocas,
Nem moleques pedindo esmolas...
Ruas vazias,
Sem nenhuma expressão.
Quero a liberdade,
Faço tudo para atrai-la,
Mas, como aprendi na física:
- “pólos opostos se atraem e iguais se repelem”,
Eu e a liberdade devemos comungar do mesmo pólo,
Nunca nos encontramos...
Será que isso é gozação??
Visto outra blusa,
Coloco outra fita,
Calço outras meias
E novos sapatos...
Chego em casa em busca de solidão,
Solidão de rua,
De pensamentos...
O mundo tá louco,
Virado ao avesso...
Encontro em casa a multidão que procurava na rua...
Carros passando no corredor, como se fosse uma avenida;
Vendedores de pipocas e crianças pedindo esmola em minha cama,
Fazendo-a de passeio público, ao lado do meu guarda-roupas,
Que se parecia mais com uma igreja cristã...
É, o mundo ta louco,
Virou ao avesso...
Voltei, novamente, pra rua...
Tirei minha blusa,
Tirei minha fita,
Fiquei descalça e fui...
Já meio louca,
Também ao avesso,
Buscar aquela solidão que não encontrei em minha casa...
E não é que eu a encontro!!!!