Minhas incertezas

O rádio estava ligado e eu não aguentava mais as mesmas músicas, as mesmas palavras de otimismo. Resolvi sentar e pegar o papel e a caneta.

O passado assombra, sempre. Mas será que eu poderia te contar das coisas que ainda vivem em mim? Será que haveria espaço pra compreensão de um beijo que eu dei por lembrar demais do que eu já senti?

Tá, tudo bem. É você que eu amo.

Mas aqui de longe sempre parece que o amor é menor. Por que eu não tenho tuas mãos em minhas; Eu não tenho seu sorriso no meu.

Eu disse pra ela: Não me sinto culpada. Mas queria ser mais forte.

Minhas incertezas me coçam o calcanhar e a cada passo eu sinto meu pé inteiro se esfarelando.

O medo de criar uma realidade paralela contigo e deixar de te colocar pra dentro do sofrimento real de cada dia me assusta.

Por que quantas pessoas, quantos beijos de descongelamento, quantos amores podem me afagar os cabelos bagunçados, quantos abraços podem me acontecer? Meu corpo chama pelo seu, mas se você não está aqui, como eu faço pra ter um beijo na testa dizendo que vai ficar tudo bem?

A distância é nossa inimiga, meu amor. Mas, pior que a distância em si, eu tenho minha necessidade de um corpo ao redor do meu.

Físico, quente, forte.

É isso, preciso aprender a precisar menos de beijos-eu-te-quero-bem.

Por que esses beijos são, embora extremamente sinceros, cruéis.

Cruéis para todas as partes imagináveis.

Eu quero ajudar ela a ficar bem, ele a sofrer menos, aquele outro a esquecer um erro. Mas quando eu preciso de você pra me dizer na cara os otimismos que passam no rádio, pra me fazer sentir que é ao seu lado que eu pertenço, fico só.

E assim meus dias passam, imaginando se é melhor irmos de vez para sonífera ilha ou aprendermos a (con)viver com as poucas vezes que terei você em mim.

Talita Tonso
Enviado por Talita Tonso em 25/08/2012
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