Avenida

Não consigo deixar de sentir essa corda bamba em que se inclinam versos e dentes, um longo pedaço de veia em que se equilibram os homens e com ansiedade caem em abismos da armadilha de seus desejos.

Caminhando entre passos vazios em uma nublada avenida, cheios de ingratidão na ponta dos dedos. Siluetas fantasmas refletidas no cinza do asfalto e na sujeira das paredes, fazem de canudos para suas almas o cano de descarga dos automóveis.

Um pombo é esmagado constantemente pelas rodas do desenvolvimento econômico e retardamento educacional. A vida se perde na distração da consciência, segundos são fatais ao fazer toda travessia e não adianta olhar para os dois lados.