Dentro de mim, uma metáfora se aflora.

Eu sempre fui a janela aberta, aquele céu cinza, o pássaro azul que se descolore com o passar do tempo, pra depois, num relance de paixão, tornar-se colorido novamente.

Não que eu reclame, de forma alguma, embora sofrida, essa vivência sempre me trouxe mais alegrias que pesares.

E agora vejo nessa parede de barro algo a mais que um simples dia de brisa quente no meu rosto. Vejo mais do que uma mudança de cores repentina e constantemente inconstante.

Agora eu queria que fosse tudo sépia. Tudo.

Pra que não tivesse que medir qual cor é mais bonita, qual céu está mais cinza...

Há uma parte do pássaro e da parede que, intrínsecos, riem e choram.

E há um pedaço dos meus tímpanos que não querem mais só ouvir.

Assim como a língua anda desejando parar de só dizer.

Se houver um único dia pra ser feliz, peço que não seja hoje.

Pois o pássaro e a parede conversam, entre ruídos, sobre algo em comum.

E eu não posso me permitir ser alegre sem que eles cheguem a uma conclusão.

Talita Tonso
Enviado por Talita Tonso em 29/08/2012
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