Dentro de mim, uma metáfora se aflora.
Eu sempre fui a janela aberta, aquele céu cinza, o pássaro azul que se descolore com o passar do tempo, pra depois, num relance de paixão, tornar-se colorido novamente.
Não que eu reclame, de forma alguma, embora sofrida, essa vivência sempre me trouxe mais alegrias que pesares.
E agora vejo nessa parede de barro algo a mais que um simples dia de brisa quente no meu rosto. Vejo mais do que uma mudança de cores repentina e constantemente inconstante.
Agora eu queria que fosse tudo sépia. Tudo.
Pra que não tivesse que medir qual cor é mais bonita, qual céu está mais cinza...
Há uma parte do pássaro e da parede que, intrínsecos, riem e choram.
E há um pedaço dos meus tímpanos que não querem mais só ouvir.
Assim como a língua anda desejando parar de só dizer.
Se houver um único dia pra ser feliz, peço que não seja hoje.
Pois o pássaro e a parede conversam, entre ruídos, sobre algo em comum.
E eu não posso me permitir ser alegre sem que eles cheguem a uma conclusão.