A dicotomia da reciprocidade
Há que sempre pensar sobre dois, vendo apenas um lado de cada vez.
Depois de um tempo, você aprende que reciprocidade não é uma coisa tão dicotômica assim..
É muito mais profundo do que um ''eu também'' ou ''eu não''
Há que haver a construção de algo, a perda da parcialidade, o ganho da intimidade.
Não há como ser sempre sincero. Tem vezes que você vai dizer um eu te amo que significa ''queria tomar banho sozinha hoje''.
E às vezes vai significar ''eu quero casar com você''
Então, afinal, qual é a linha tênue de auto conhecimento que separa a vontade da sensação de reciprocidade com o sentimento em sí?
Quanto tempo demora pra consolidar uma relação mutuamente crível e honesta?
E mais, há de haver sempre honestidade? Algumas mentiras em sí não eram para ser algo, embora hipócrita, decente e nobre? Ou mentir sempre vai ser algo invariavelmente feio e falso?
Acredito que há um certo altruísmo em dizer ''eu também''.
Por que mesmo que na hora você sinta o mesmo; Quanto dura um sentimento? Qual a vida útil de um beijo que te faz tremer? Quando declarar morte prematura à uma paixão?
Eu sempre penso no mundo quando digo eu também.
Por que é bom se sentir amado. Sempre.
E no compasso das mentiras sinceras, dos lençóis emaranhados, das inconstâncias naturais, das bitucas de cigarro com marca de batons;
Nesse compasso, levamos todos a vida.
Procurando pela superação do medo de morrer sozinho;
Procurando pela metade que sequer sabemos se existe;
Entre beijos e abraços nocivos pra'lma que lamenta
Não saber se são os lábios e braços que se queria outrora.