A dicotomia da reciprocidade

Há que sempre pensar sobre dois, vendo apenas um lado de cada vez.

Depois de um tempo, você aprende que reciprocidade não é uma coisa tão dicotômica assim..

É muito mais profundo do que um ''eu também'' ou ''eu não''

Há que haver a construção de algo, a perda da parcialidade, o ganho da intimidade.

Não há como ser sempre sincero. Tem vezes que você vai dizer um eu te amo que significa ''queria tomar banho sozinha hoje''.

E às vezes vai significar ''eu quero casar com você''

Então, afinal, qual é a linha tênue de auto conhecimento que separa a vontade da sensação de reciprocidade com o sentimento em sí?

Quanto tempo demora pra consolidar uma relação mutuamente crível e honesta?

E mais, há de haver sempre honestidade? Algumas mentiras em sí não eram para ser algo, embora hipócrita, decente e nobre? Ou mentir sempre vai ser algo invariavelmente feio e falso?

Acredito que há um certo altruísmo em dizer ''eu também''.

Por que mesmo que na hora você sinta o mesmo; Quanto dura um sentimento? Qual a vida útil de um beijo que te faz tremer? Quando declarar morte prematura à uma paixão?

Eu sempre penso no mundo quando digo eu também.

Por que é bom se sentir amado. Sempre.

E no compasso das mentiras sinceras, dos lençóis emaranhados, das inconstâncias naturais, das bitucas de cigarro com marca de batons;

Nesse compasso, levamos todos a vida.

Procurando pela superação do medo de morrer sozinho;

Procurando pela metade que sequer sabemos se existe;

Entre beijos e abraços nocivos pra'lma que lamenta

Não saber se são os lábios e braços que se queria outrora.

Talita Tonso
Enviado por Talita Tonso em 09/09/2012
Reeditado em 09/09/2012
Código do texto: T3873352
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