ATEÍSMO E SUICÍDIO




1.MAL-ME-QUER...

Se existe um tema que merece destaque entre os mais caros ao ateu é o do Problema do Mal : questiona-se a coerência de um Deus onipotente que no entanto permite que injustiças e sofrimentos de toda sorte tenham lugar no mundo.A razão dessa predileção talvez seja de teor emocional, decorrente de decepções com a religião ou questionamento típico e irresponsável dos valores dos pais.Seja como for, o ponto de partida sustenta-se necessariamente numa idéia equivocada a respeito de Deus e sua relação com o homem.O equívoco está em supor que bondade e onipotência divinas impliquem necessariamente na felicidade do homem.

a) A finalidade do homem é ser feliz?

Não há porque acreditar nisso, conforme João 3:16 : ‘Porque Deus amou o mundo de tal maneira que deu o seu Filho unigênito, para que todo aquele que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna’.Note que estão aí incluídos o conhecimento de Deus, a salvação providencial através do sacrifício de Cristo, e a eternidade.

A natureza do homem é a eternidade, é o seu fim último e seu propósito, eis portanto a sua finalidade.Todos os demais aspectos da existência humana estão subordinados a essa condição, periféricos e temporais.

b) O sofrimento/Mal existe.

Esse fato por si só tomado como incompatível com os atributos de onipotência e bondade divinas sugere a inoperância ou a inexistência de um ser que, se existente fosse, não permitiria o sofrimento de sua criatura.Ocorre que Deus não está a serviço do homem, como esse tipo de raciocínio parece esperar.Ele é soberano sobre todas as coisas ( Rm 11:36 ), não interfere no livre-arbítrio conferido ao homem ( Dt 30:19 ) e, dado que não se encontra restrito ao tempo, conhece a conseqüência de tudo o quanto ocorre no universo ( Sl 147:5 ), ainda que não compreendamos os Seus critérios.A nossa perspectiva egoísta e temporal turva a compreensão de que o que acontece a um indivíduo nunca é um fato isolado de um contexto, tem conseqüências, a longo prazo, que não podemos sequer imaginar.Deus é o mantenedor da ordem e do equilíbrio no universo.

c) ‘Não há Deus’.

Eis a inevitável conclusão a que se chega em conseqüência dessa perspectiva infeliz a respeito de Deus ( Sl 10:4 ), a condição ateísta textualmente denunciada.

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2.DAS ILUSÕES PERDIDAS


A finalidade do homem, seja ela qual for, no entanto, deve ser buscada objetivamente, sem ilusões – isso parece ser o lenitivo do órfão de Deus.A sua felicidade e o sentido de sua existência dependem tão somente dele, ser entregue à própria sorte e aos caprichos do acaso.
 
Não há qualquer esperança ou garantia no processo e isso o angustia.

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3. É PROIBIDO PROIBIR


Não existindo deus algum, não há valores morais objetivos ( que não dependa de gosto ou opinião ) e ninguém para indicá-los.
 
a) Não há certo ou errado : não há limites de qualquer teor.Não há como ou porque, por exemplo, condenar atrocidades por mais terríveis que sejam.Toda referência moral e critérios de valoração estão na lixeira, não há muito a fazer a respeito.
 
b) A busca da felicidade pode gerar ainda mais sofrimento ao indivíduo e a outrem.O inevitável ‘cada-um-por-si’ decorrente dessas circunstâncias não poderia mesmo acabar muito bem.No fundo isso talvez seja tão previsível que chega a ser constrangedor ter que admitir para si mesmo a natureza desse ‘engano’ totalmente desnecessário.

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4.O FIM ESTÁ PRÓXIMO?
 
A felicidade é inviável – isso fica evidente mesmo numa análise superficial – e as opções não são muito animadoras.

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5.NÃO BASTA ESTAR VIVO


O único ato coerente com a cosmovisão ateísta é o auto-extermínio.
 
a) Não há responsabilidades para com nenhuma instância eterna ou motivo pelo qual valha a pena o agora.Toda tentativa de conferir sentido à existência redunda numa inútil porém necessária ilusão.Curiosamente a fragilidade da vida, a noção de que não duraremos para sempre não faz mais valioso cada instante vivido, antes, contamina o momento com uma inegável noção de vazio e ausência de propósito, já que tudo acabará por fim sem que disso advenha algum sentido transcendente.O que é daqui por aqui ficará e pronto.
 
b) Não faz a menor diferença viver ou morrer e é nesses termos que um ‘viva cada instante como se fosse o último’ parece ser a regra geral de conduta, se a vida não tem valor para além de seus termos biológicos o que fazer dela é subjetivo, sem nenhuma aura de sagrado ou essencial.
 
Viver ou não viver não é, nem poderia, ser A questão.





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Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 26/09/2012
Reeditado em 01/10/2012
Código do texto: T3902598
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