Em tempos de muita opinião, a todo tempo emitida e por vezes não solicitada, é interessante levar em consideração a pertinência de algum critério na emissão de juízo de valor.A razão para a manifestação com o ponto de vista dá indícios de boa educação e torna suportável o comentário, endossando ou negando o discurso a partir do qual pondera, estabelecendo um ambiente propício ao cotejo de idéias, à discussão e ao pensamento.Numa perspectiva bíblica eis um sucinto indicador de quando e porque manifestar-se a respeito de questões relacionadas à fé cristã:

PORQUE FALAR?

1.PARA SUSTENTAR A RAZÃO DA FÉ : I Pe 3:15 A recomendação de Paulo a Timóteo a respeito do dever de todo cristão de estar pronto para declarar ‘porque creio no que creio’ é auto-explicativa e denota a necessidade de fazê-lo com amor e respeito, o que é particularmente atual e pertinente se tivermos em mente o tom pedante, arrogante, com que eventualmente somos interpelados por ‘sábios a seus próprios olhos’.É sempre bom lembrar o quão ofensiva pode ser para o ímpio a prática da fé cristã, na medida em que implica numa total mudança de atitude e em auto-exame de consciência, coisas para as quais a perspectiva secularista não o previne.O cristianismo destoa do que já é o senso comum por questão de princípios : é essencialmente moral em seu exercício prático antes mesmo de ser dogma religioso, existe enquanto regra de fé viva a quem o professe de forma genuína.Não se trata de uma ‘desculpa’, antes consiste em um meio de tornar claro para o ímpio o significado mesmo da salvação em Cristo e o seu efeito transformador na vida daquele que o aceita.A relevância dessa recomendação ganha vulto diante da imagem que o ímpio mantém sobre a fé, toda ela construída a partir de equívocos de toda ordem, questões emocionais não resolvidas (das quais decorre a necessidade de invalidar o discurso pelo qual sente-se acusado) e leitura ineficiente do texto sagrado, para citar os mais comuns.
 
2.PARA REPREENDER AO TOLO : Pv 26:5 Onde ‘segundo a sua tolice’ não quer dizer, absolutamente, ‘de forma tola’ mas de forma apropriada a calar a sua falta de bom senso.A necessidade desse preceito, provérbio de Salomão, indica um imperativo da própria razão, impor-se enquanto verdade quando a própria verdade parece em vias de perder seu significado.Deve ser entendida como uma orientação prática de teor moral.

PORQUE CALAR?

1.PARA EVITAR AS QUESTÕES LOUCAS : II Tm 2:23 Diz respeito a situações em que da natureza da argumentação pode subentender-se má-fé, quando o articulista se expõe de tal modo que é inevitável perceber que suas emoções é que estão falando.O confronto tende a perpetuar-se em círculos sem qualquer progresso a nenhuma das partes.Recomendável fugir de tais bate-bocas sem sentido.Incluem-se, também, nessa categoria discussões baseadas em supostas contradições ou paradoxos da existência de Deus (como o Paradoxo de Epicuro) e as argumentações, se assim podem ser chamadas, que se enquadram na Falácia do Espantalho – em ambas as situações fica evidente a total inépcia em lidar com o objeto da discussão, por falta de conhecimento puro e simples do artesão do homem-de-palha, e domínio canhestro de ferramentas da argumentação.

2.POR ECONOMIA DE MEIOS : Mt 7:6 A situação extrema, aqui, quando o possível interlocutor não é suficientemente digno do que temos a dizer, não é de auto-preservação ou receio do confronto, mas instiga a que poupemos o ‘nosso latim’ já por não valer a pena o esforço da argumentação.


3.PARA NÃO PASSAR POR TOLO : Pv 26:4 Qualquer discussão implica em algum conhecimento do objeto em questão por ambas as partes envolvidas.O domínio do assunto naturalmente não será necessariamente o mesmo, tampouco as perspectivas da abordagem, no entanto é razoável supor certo equilíbrio de ‘forças em confronto’.Quando o desnível intelectual entre as partes ultrapassa a medida do aceitável, o propósito mesmo do debate fica enfraquecido, a razão para isso sendo facilmente verificável : não se discute com um tolo sem descer ao seu nível de percepção, sem tornar-se seu semelhante na pobreza de recursos, ou seja, sem tornar-se tolo.
 



Israel Rozário
Enviado por Israel Rozário em 28/09/2012
Reeditado em 29/09/2012
Código do texto: T3905547
Classificação de conteúdo: seguro
Copyright © 2012. Todos os direitos reservados.
Você não pode copiar, exibir, distribuir, executar, criar obras derivadas nem fazer uso comercial desta obra sem a devida permissão do autor.