Notícias de mim, Fábulas da vida!
5:00 da manhã. A cidade dorme. Do oitavo andar vejo as luzes, pequena cidade cujas ruas conheço quase todas.
Enquanto a cidade-fantasma dorme, sinto que começo a despertar antes do amanhecer.
Começo a sentir as primeiras contrações da minha existência. É cedo, não tenho coragem de nascer, ainda mais quando está prestes a raiar o sol tão majestoso e determinado a vir sob qualquer circunstância.
Me recolho no sofá, encolhendo, encolhendo, até finalmente cair em sono profundo.
...Agora acordada, novamente olho para a cidade. Já circulam os primeiros trabalhadores e me pego a pensar que sonhos teriam eles, quais seus desejos mais profundos. Os meus? ainda nem posso supor.
Por isso escolhi (?) ser o que sou e não quero ser mais: espectadora das vidas que passam ao largo e até mesmo das que caminham lado a lado comigo.
Meus tesouros se acumularam tempo demais dentro de mim. Temo retê-los por um período tão longo a ponto de esquecer onde os guardei.
Felizes dos potrinhos que nascem com o destino de serem livres tão logo aprendam os primeiros passos. Seres humanos são embaraçados em redes, tramas por demais misteriosas...desde o ventre até o túmulo somos açoitados pelos medos e desejos ambivalentes, conflitantes, frutos do duelo interminável entre Eros e Tanatos equilibrando-se sobre um penhasco frágil demais para suportar.
As princesas esperam ser libertas das torres, mas os príncipes, embora queiram ser valentes vêem roubadas suas armas e cavalos e até mesmo suas vestes.
Passeio, passeio...o Sol já vai alto e preciso cuidar da vida.
Até o próximo devaneio.