VOLTAREI...
O suor escorre-me pelas faces
Como gotas de água que relevam a vidraça
Pensamentos de uma vida com muitos pensamentos
Momentos em que o estar e o ir
Esteve à distância de um passo mal calculado
Por vezes pergunto-me como é que ainda cá estou
Depois de sentir o mar chamar-me do alto do promontório
Ou de um chão disfarçado de morte
Apelar ao meu voo desde um telhado molhado e sem relevo
São voltas e mais voltas no leito do desassossego
Torrentes frias que me fazem recuar décadas
Longos minutos em que o peito treme
E as mãos ficam lívidas como em corpo perecido
Sei que são águas de um rio que o oceano já tragou
Mas que a mente insiste em triturar
Sei que os olhos tremem quando projetam
Na linha de um imaginário profundo
Os segundos que separaram a vida da morte
Cansado, por fim, durmo
Mas sei que voltarei.