O último abraço
Ela segurou o cabelo dele e apertou seu rosto contra o peito dela numa tentativa de mostrar que tudo era real, que cada motivo pelo qual aquilo estava acontecendo, era real. Havia tempos de escuridão em que a luz dele não bastava: Era preciso mais.
E, por mais que a tortura de tê-lo junto a seu corpo a fizesse querer sair correndo, tudo parecia estagnado.
Não haviam palavras pra trocar, o mundo, a vida, os fez diferentes.
Ela queria explicar o por quê. Tagarelar sobre seus instintos e medos.
Ele queria o colo. Ruminar sobre suas tragédias e dores.
Mal articulados, ambos, somente se olharam e esperaram a luz dos olhos sumir, aos poucos, de suas almas.
O abraço sempre estaria ali.
Mas ele precisava voltar e ela precisava ir.
Havia muito a ser dito, os motivos dum afastamento tão repentino e as consequências desse afastamento para cada um.
Havia ainda beijos a serem dados, pães a serem comidos, apresentações a serem feitas, músicas a serem ouvidas, uma vida a ser vivida.
Mas ele precisava voltar e ela precisava ir.
(@helpifyoucan)