Paradigma Vigente (e)
Paradigma Vigente (e)
As aplicações tecnológicas sem espírito, seres
humanos com técnicas poderosas mas com um coração
vazio, um coração sem canção, sem música. Podemos
compreender o grau de risco e de perigo que isso
representa. Se pegarmos um jornal, hoje, vamos encontrar a crise: Crise no continente africano, crise no Oriente Médio, crise na America Latina, e isso nos diz respeito porque nós vivemos este momento. No século passado duas Guerras Mundiais, talvez estejamos entrando na terceira guerra global, o que demonstra que a experiência é insuficiente para que possamos progredir do ponto de vista psíquico. Então é preciso mais do que isso. Estamos à beira de um grande abismo que nós mesmos construímos. Através de aplicações tecnológicas, sem uma concepção, sem uma cosmovisão à altura. Dentro desse contexto do racionalismo científico surgiu, talvez, a
grande evolução, a maior evolução, a maior invenção,
digamos assim, desse paradigma, que pode ser chamada
disciplina. Foi inventada a disciplina e, através das disciplinas houve a fragmentação do conhecimento, e
também do coração do ser humano. Chegamos a esse ser
exótico que chamamos de especialista, que é aquela pessoa que sabe quase tudo de quase nada. Então podemos dar um título a essa grande crise, a essa crise planetária: A crise de Gaia. Essa crise há de se chamar de crise de fragmentação e desvinculação. Nunca o ser humano esteve tão fragmentado como nesse momento. Somos psicólogos, ou sociólogos, ou físicos, ou poetas, ou religiosos, ou isso ou aquilo e, cada um atua dentro de um departamento estanque e a nossa vida, nossa rotina expressa essa fragmentação. Atomizamos a mente. Dividimos o mundo através da análise. E o que é a análise? Análise é pegar um todo e decompô-lo nas suas partes. Somos pedaços, fragmentos que nos levam a conflitos internos e externos. Dentro, partes lutando contra partes. Os conflitos. A projeção desses conflitos no mundo é a guerra. Sem falar do automatismo e da alienação da totalidade. Este paradigma privilegiou a análise.
Zion Freire