O ARTESANATO NA MINHA VIDA

Alguns amigos mais chegados sabem que gosto muito de escrever, é como se a gente desabafasse nos momentos muito conturbados... Outro dia minha irmã, que é artesã, me disse que eu poderia escrever alguma coisa sobre a minha vida antes do artesanato e depois do artesanato. O que mudou? Mudou realmente alguma coisa? Qual o meu sentimento em relação a isto?

Desde o dia em que ouvi isto de minha irmã, volta e meia estou pensando nisso... Ao dirigir, ao lavar louças, ao preparar as refeições, enfim, ao deitar, ao acordar... Penso nisso veementemente... Entretanto, escritor não mente suas emoções jamais... Suas emoções verdadeiras percorrem a estrada do papel, avançam nas encruzilhadas dos pontos e vírgulas, todavia, não mentem jamais...

Tive medo, medo de machucar algumas mulheres, algumas que fazem artes, tive medo até de arrumar problemas com a minha irmã. Disse a ela que se fizesse esse texto ficaria com minha vida muita exposta, até brinquei... Um dia cheguei a mencionar em um texto que quando escrevo para o Recanto das Letras é a alma do escritor falando, relatando, são as emoções expostas, são as feridas abertas, é a raiva diante das injustiças e inquietudes da vida.

Porém, quando escrevo para o blog surge a blogueira, a mulher que se alegra com artesanatos, canecas coloridas, tecidinhos, crochês e minúcias do gosto feminino, até porque eu sou normal, rsrs...

Pois bem, toda frase ou parágrafo que vinha na minha mente durante estar fazendo as atividade relatadas neste texto me pareciam absurdamente impublicáveis, no mínimo, se a mulherada pudesse iam me dar porrada rsrs...

Mas não posso esconder isto de mim mesma, não posso esconder do papel, não posso esconder de Deus, não posso esconder dos demais, pois, o escritor tem direito a liberdade de expressão... Só quero que entendam que esta análise é minha e referente à minha vida, é minha opinião embasada em conhecimento empírico e não científico...

Vamos lá: eu amo aprender, valorizo imensamente o aprendizado, seja lá o que for sempre é válido aprender, gosto de agradar a minha família com pequenos mimos feitos por mim, gosto de ter meu tempo preenchido, gosto de não pensar em besteiras... Também acredito que esses trabalhos deem mais calma e paciência para quem o pratica. Cada peça representa um estado de espírito, portanto, quando estamos agoniados por alguma coisa não conseguimos produzir ou se produzimos sempre achamos que o trabalho não ficou bom...

Tenho uma frase que diz: “o artesanato é um trabalho manual onde o artesão coloca ali a sua impressão digital. Cada peça representa um momento, um estado de espírito momentâneo do artesão. É a habilidade de trabalhar usando as mãos, a mente, suas emoções criando e recriando objetos de arte...” (a frase é minha Patrícia Ventura).

Claro que observo os benefícios que nos trazem ao trabalhar com arte, enxergo que para muitas mulheres pode ser simplesmente demais, ótimo para elas...Porém, para mim é pouco, para mim é um mundinho muito pequeno...ATENÇÃO: esta minha fala não é menosprezando, eu amo alguns trabalhos, apenas acho pouco para trazer felicidade a alguém e ainda penso que é uma espécie de fuga a fim de esconder os verdadeiros desejos e objetivos, as verdadeiras pretensões, é um meio de retardar uma situação, de esconder algumas mazelas, algumas tristezas...Mas, talvez façamos isso inconscientemente...

Conheço tantas artesãs, aprendo com cada uma delas, gosto muito de todas, não estou relatando nenhuma situação verídica em particular, como disse: parto de um princípio empírico, nada científico... Mas, esse meu olhar holístico, essa minha mente crítica, essa veia de escritora e as minhas próprias algúrias e mazelas me permitem avançar nesse raciocínio. Sinto desapontar algumas pessoas, mas, esse texto representa a confusão pela qual estou passando neste momento... Faria e faço qualquer obra artesanal que goste, todavia, o meu mundo não é esse, tal mundo é pequeno para mim...Ou eu não sei fazê-lo grande...É pura representação de uma fuga.

Patrícia P Ventura
Enviado por Patrícia P Ventura em 23/10/2012
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