A insustentabilidade do sentir [pt.II]
Quem sente, sempre espera que o outro sinta. Invariavelmente.
Seja conscientemente ou não, seja essa lei aplicada para ódio, amor, empatia, etc. E nem sempre queremos que o outro sinta o mesmo que nós, queremos simplesmente que sinta. Há pessoas que se deliciam ao ver uma pessoa a quem sente desprezo, amando-a, por exemplo.
Não existe um sentimento por altruísmo. Tudo que se sente é egoísta, e não devemos nos repudiar por isso, é normal. Não ser correspondido dói, assim como dói não corresponder. Mas, mesmo assim, esse egoísmo muitas vezes mal interpretado, cria e recria bases saudáveis de relacionamentos quaisquer. Sem ele, não haveria a necessidade de interações (uma vez que a reciprocidade do sentir, seria desnecessária) e, portanto, o conceito de sociedade como um todo, seria vago.
Enfim, o sentir já nasce insustentável: O ser humano não foi feito para ficar sozinho conversando com o espelho. E, levando em conta que o outro quase nunca vai sentir exatamente o esperado, essa teoria se aplica a quase todos os tipos de sentir.
Sempre alguém sente mais e alguém sente menos, é inevitável. E essa diferença é a base da insustentabilidade, pois, não se tendo o que se quer, o sentimento em si é colocado em dúvida.
A grande questão das relações humanas é aceitar essa insustentabilidade dos sentimentos e suas regras implícitas e ignorar as diferenças; Somente dessa forma pode-se construir algo duradouro, honesto e real.