Sem saber
Eu não quis saber...
Entrei no café habitual e sentei-me à mesa que margeia a janela. Tomei meu desjejum sem pressa, sem fome e acendi um cigarro.
Não haviam preocupações, não haviam lembranças.
Ao nascente, um negro vivo banhava o céu onde nuvens de concreto eram erguidas.
- Vai chover. Murmurou alguém sem rosto.
Sai do café e tomei o rumo da rua para o nada.
Na entrada do parque um casal discutia e crianças brincavam na grama esquecidas pela fúria dos pais.
Continuei sem querer saber...
Apressei os passos, percorri os jardins sem as flores notar e sentei-me num banco esquecido à sombra de uma árvore. Abri o livro que carregava no bolso, comecei a organizar calmamente as suas páginas soltas à medida que mergulhava num outro mundo, numa outra vida, num outro tempo.
Começou a chover... e eu nem quis saber.