Essa incômoda desumanidade
A terra anda fria e cortante
E assiste ao enlevo da crueldade.
Cadelas parem, até matam, mas, inconscientes
Porém, por instinto, amamentam, cuidam.
Aquela mulher, já não é digna do filho
Sabe-se lá se a depressão é fato ou desafeto...
Mas o descuido é real, cruel, concreto.
São crianças chorando de fome, de dor, de pânico
No limbo da vida, paridas, entristecidas...
Cadê o amor da Mãe que a gerou?
Onde estão os adultos maduros e protetores
Onde foi parar a bondade, o amor, a humanidade?
Não vejo crianças brincando, correndo;
Vejo a infâmia, o martírio, só descaso
Vejo a alma outrora pura, sorridente,
Maculada pela violência das ruas e do ambiente
Gritando por ajuda, chorando, gemendo...
Não vejo as bonecas, as balas, carrinhos
Vejo apenas uma triste realidade
Mal disfarçada de sociedade moderna
Devendo às crianças o seu bem mais precioso
O direito à vida, à inocência e ao amor...