Virtual ESPERANDO GODOT

Na madrugada de 17 de novembro de 2012

Virtual até a medula dos ossos. Parece que não lhe restou, a essa mulher, outra escolha na vida, que o real acabou por tornar-se tão ou mais virtual do que o virtual, tanto quanto é real (e isto o é, mesmo) saber que esta presente escrita vai parecer a escrita de alguém sob efeito de alucinógenos (ainda se usa esse termo?) o que não corresponde ao real, que nem mesmo cigarro comum a referida mulher fuma mais, há quase 14 anos (era seu único vício).

Pode ser compreendida, esta escrita, algo dela, que seja, por alguém? Talvez por alguém que pudesse conhecer as circunstâncias efetivas da vida da tal senhora, se é que alguém acreditaria nelas, circunstâncias, se as conhecesse, ou por alguém que tenha um extraordinário (extraordinário, mesmo) poder de imaginação.

Em verdade, uma escrita perdida, inútil, que só ela mesma, a tal mulher alcança, ou melhor, nem ela mesma já consegue alcançar. Coisa de doido, mesmo, literalmente rsrsrs... que chorar nem há mais. Nem sequer para chorar resta possibilidade mais. Mas ela sobrevive, tem que sobreviver: ela tem mãe para cuidar. Alguém perguntará: se é escrita inútil, por que a está publicando? Sei lá, acho que porque a referida senhora não consegue dormir. “Ora... ora... ora...” algum eventual leitor murmurará.

Não, não é um real mais virtual do que o virtual. Tirando a presença da mãe, é viver na pele, o tempo todo, uma peça de teatro do absurdo, um “Esperando Godot” fora de qualquer palco e em nenhuma plateia também.

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