CHOVE...

Chove sobre campos, ruas e telhados

Uma chuva miudinha mas constante

Que envolve os teus cabelos enleados

E os não deixa soltos doravante

Chove sobre a côdea que te resta para comer

E a amolece nos teus lábios quentes

Água que ofusca lágrimas que não quero ver

Mas que é amiga dos teus parcos dentes

Chove sobre corações despedaçados

Quanta frescura numa selva amedrontada

Gritos de êxtase que agora estão calados

De quem teve tudo e agora não tem nada

Varridos por quem saqueia sem olhar a meios

Teus olhos tristes são o espelho do momento

Foram- se esperanças, graças e anseios

Chove sobre a morte anunciada sem rodeios.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 24/11/2012
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