CHOVE...
Chove sobre campos, ruas e telhados
Uma chuva miudinha mas constante
Que envolve os teus cabelos enleados
E os não deixa soltos doravante
Chove sobre a côdea que te resta para comer
E a amolece nos teus lábios quentes
Água que ofusca lágrimas que não quero ver
Mas que é amiga dos teus parcos dentes
Chove sobre corações despedaçados
Quanta frescura numa selva amedrontada
Gritos de êxtase que agora estão calados
De quem teve tudo e agora não tem nada
Varridos por quem saqueia sem olhar a meios
Teus olhos tristes são o espelho do momento
Foram- se esperanças, graças e anseios
Chove sobre a morte anunciada sem rodeios.