Eco

Vivo a imensidão do vazio que o eco da glória traz à alma. Acho que o problema está em ser tão romântico, num sentido amplo, não só de amor, parece que imaginar e construir uma vida em forma de conto não compete com o realismo que tanto antagoniza, que tanto transforma a galhardia de gladiadores em golpes de pura sorte e medo, que tanto corta as asas dos dragões e os torna lagartos, que tanto torna a glória em nada além de cotidiano a qual não interrompe, sequer, a continuidade das inconstâncias e disputas. Acabo por tentar viver um paraíso na Terra, e essa decepção por não conseguir traz um sentimento de que me encontro na Era, dimensão ou lugar errado. Sempre me desentusiasmo ao descobrir que as coisas não podem ser perfeitas, que nada é consoante nos livros ou nos filmes. É desconcertante cada vez mais atestar que quando não se possui problema no objeto, possui-se nas circunstâncias, e que as coisas sempre carecem de algo para serem apreciadas conforme se faz com um filme. A cada conquista mais me soa o eco das mesmas inconstâncias que precederam a vitória,