O DOLORIDO SONHO MAIOR

No início da madrugada de 16 de dezembro de 2012

Se eu ainda puder voltar a sorrir, por autêntico prazer, que não seja, jamais, à custa do sorriso de ninguém, que apagar o sorriso de alguém é como apagar-lhe a luz do Sol. Se for esse o preço, fico sem sorriso, eu; afinal, já me acostumei. Não há como ser justa comigo antevendo o sorriso apagado de outro ser diante de seu próprio espelho. Talvez isto seja um erro, não o sei. É meu modo de ser. Talvez por eu já ter feito e fazer ainda gente sofrer (sem jamais o ter pretendido) e saber o gosto mais do que amargo, amaríssimo, que isso tem em mim. Não sei o que sentiram e sentem os que me fizeram e fazem sofrer, em outros recantos da vida. Isso é coisa só deles, para a consciência deles. Eu os perdoei e perdoo, mas, como é difícil perdoar-me, a mim, por tê-los feito sofrer, por fazê-los sofrer, até pelo fato de eu existir. Ai, Deus, permita que isso não mais, que isso nunca mais, mesmo que, por tal razão, eu me veja impedida, sempre, de algum ainda fundo e verdadeiro sorriso de prazer.

Para isso é preciso que homem nenhum venha a amar-me; é o que vida tem me mostrado, dolorida... doloridamente... no mesmo de sempre destino implacável. Por que poderia ser diferente agora, se a vida inteira tem sido assim?

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