Adeus 2012

A verdade é que esse ano me trouxe todos os tipos de sentimentos que eu pensei que deveriam ser vividos separadamente, e quando menos esperava, lá estavam eles, batendo em minha porta lado a lado, esperando para entrarem rapidamente.

Meu começo de ano foi dos mais tranquilos, me dei férias dos estudos, e passei cada dia cuidando de mim, tranquilamente, pacientemente.

Quando fiz a prova da faculdade e decidi que queria continuar, que poderia gostar de Publicidade, foi muito bom pra mim. Um mundo novo! Novas oportunidades!

Eu conheci pessoas naqueles corredores que em pouco tempo estavam atendendo aos meus telefones de madrugada nas horas em que eu chorava.

Aproximadamente no mês de agosto, algumas coisas começaram a mudar... lá esta eu, meus pais, lidando com o meu avô, meu velho ranzinza que me contava histórias maravilhosas... foram 3 meses difíceis, em que eu vi meu avô dando um adeus mais doloroso a cada dia.

Na segunda-feira, do dia 08 de outubro de 2012, estava eu correndo(mesmo, com os pés), pelas ruas da minha cidade, correndo para o hospital para conseguir ver meu avô pela última vez entrando numa ambulância do SAMU. Depois peguei o carro e fui atrás da ambulância, e eu não poderia descrever a dor que senti ao ver aquelas sirenes gritando ardentemente, e eu no carro, acelerando e pensando: é o MEU AVÔ ali dentro, me devolvam ele!!!

Mas nessa mesma tarde, ele decidiu que não iria mais voltar.

Mas acho que eu estava tão atordoada com a doença do meu avô, pai da minha mãe, que fique cega para outra pessoa... e essa pessoa era a minha avó, mãe do meu pai...

Quando me dei conta, mais um adeus estava sendo dado diariamente. No dia 14 de novembro, véspera de feriado, mais uma vez me deparei com a ambulância do SAMU, no portão da minha casa.

E no dia 15 de novembro, feriado, em que ela estava completando 73 anos, por volta das 2 da manhã, o telefone tocou, e mentalmente, fiz minha oração pela minha avó, que se foi na mesma data em que veio ao mundo.

Nesses últimos meses de 2012, eu tive a dor da perda, a dor que por mais que fosse esperada, eu nunca pensei que iria chegar. E eu vi, nesse tempo, quem realmente está ao nosso lado.

Hoje, 29 de dezembro, estou completando 20 anos. E me doeu já pela manhã tomar meu café e perceber que dessa vez, o telefone de casa não iria tocar, e eu não iria ver no identificador o número 6178, e não iria mais dizer: ah mãe, é o vô, fala que eu já ligo.

E a porta da minha sala não iria se abrir já cedinho com a minha avó entrando lentamente e dizendo: deixa eu dar um abraço na nossa menina.

Num piscar de olhos, meus alicerces de foram, e eu continuo aqui.

Daiane Lopes
Enviado por Daiane Lopes em 29/12/2012
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