Papeis amarelados

Observe o jeito que ela anda, que beija, que senta, que geme. Note que não anda como eu, não beija e muito menos grita com a melodia escandalosa que eu exibia a cada prazer. Sussurre palavras do jeito que preferi, mas não espere a mesma sacanagem que eu sorria ou o jeito que mordia a boca, da forma suntuosa que te fazia ser sempre '' meu ''. Não há nada como fomos, não há nada igual, apenas cartas antigas, papéis amarelados, sorrisos guardados e até algumas lágrimas que ficaram para depois. Fui sútil, infiel, traiçoeira, mas o que existia entre nós dois foi o crime perfeito, arranhões, gritos e medos tornou tudo tão nosso e único. Sem cetim, sem algum veludo, com pedras e areias malditas, que tornam sólidos muitas lembranças e algumas saudades. Desconheça a intenção dessa carta, não procure motivo algum para tanta '' satisfação '' apenas leia e guarde para você qualquer comentário, até mesmo alguma doçura guardada. Não exija de nenhuma outra, ser como eu, porque não exijo de nenhum outro ser como você, necessito de alguns flash, algumas fotos, algumas cartas, quero a todo tempo manter intacto '' eu e você '', como amigos, amantes, namorados ou como tiver que ser, porque apesar de tudo, ainda me arrepio com seu nome e posso garanti que o vento assopra ao seu favor.

Milena Miranda
Enviado por Milena Miranda em 03/01/2013
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