QUE ESTRANHO DESTINO!

NA MADRUGADA DE 04 DE JANEIRO DE 2013

Eu vos ofereço este pequeno texto

Que estranho destino esse, que coube à velha senhora, em todas e em cada uma das suas veredas, e nos sertões, e nos mares, e na cidade asfixiada, e na sala a esmo, a sala sem anestesia! Tão estranho que ela não sabe, há séculos já, nem o que se dizer, nem o que se calar. A velha senhora indaga ao céu, à lembrança do mar, à lembrança das matas, à lembrança do fogo. Ela mesma, a velha senhora e nada e ninguém lhe sabem o que dizer, nem o que lhe calar: Ela mesma, nada, ninguém. A velha senhora não pode mais visitar, de volta, cidade nenhuma, sequer a cidade de si mesma, nem mesmo para esquecer. Nem mesmo para esquecer... Nem mesmo para... Nem mesmo... Nem... Não há culpados, só vítimas, inclusive ela mesma, na cidade para a qual não pode voltar. A velha senhora sempre imóvel, do lado de dentro, árvore a olhar a outra árvore sempre do lado de fora. A velha senhora, do lado de dentro, a olhar o Sol e a Chuva e a Lua e as Estrelas, sempre do lado de fora. Entre ambas as árvores, entre ambas As Cúmplices, sempre a mesma impassível janela, há séculos, já, há séculos...

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