Controle descontrolado
Mesmo em harmonia, nunca entendi a necessidade de me encolher na cama e chorar horrores ao som da canção mais triste que eu conhecesse, e depois de chorar até as têmporas doerem, levantar e ver quão boa era minha vida e que eu não precisava daquilo.
Existe um estranho controle em chorar ao som de músicas tristes e eu gosto de controle, mesmo sendo uma besta desenfreada para quase tudo. Com as canções, eu tenho sofrimento limitado: acabou a canção, cessa-se meu choro. A dor que eu sofro ao som das canções não é uma dor minha e eu choro justamente para me acostumar se um dia for. Mas de que me adianta o preparo da alma para combater uma dor que eu nem sei como será ou mesmo se existirá? E caso exista, sei que me entregarei, deixando que ela flua na minha veia e vida.
Enquanto isso, choro a dor de premeditar a dor.