E se você entender?

Palavras. Nunca sei com quais vou começar. Isso é um fato verídico, pois ao relatar uma grande quantidade delas, paro e penso nos meios, fins não, apenas meios. E aí vem a grande pergunta: Meio do que? Bom, há um tempo eu presenciava uma linha tênue, ela percorria do chão até o céu, era nesse meio que eu poderia expressar minha felicidade, minha tristeza, minha angústia e meu medo; para isso eu teria de ficar indiferente ao olhar de todos, ignorar qualquer som externo e fingir que só eu existia nesse mundo. Exatamente assim minhas mãos tomariam conta daquele papel, daquela linha travessa e fujona na qual eu sempre apanhava quando sei que deveria separar elas, as palavras.

Penso na intensidade. Afinal se alguém souber ler e compreender cada estranho verso, notará exatamente como me sinto ou como me senti. Relato experiência pessoal, talvez até aquelas que jamais saíram do papel, digo que sei sobre o que escrevo, mas remendo tudo, puxando aquela mesma linha para o fim da minha garganta. Tem coisa entupida. Então eu tiro e as despejo, talvez não naquele momento, talvez em um menos inóspito. Na verdade acho que finalmente entendi. A alegria e a tristeza não te fazem escrever, elas querem que você fale em alto e bom tom para que no meio daquela multidão um “pequeno ser” possa te ouvir. E se não ouvir, grite de novo, pois apenas o coração dói, suas cordas vocais não.

Hoje assumo que meus pensamentos são outros, não opostos, apenas intensos. Aquela linha imaginária da cada palavra é formada por diferentes ângulos, não é a indiferença que conta, mas sim a pluralidade e valor de expressão. Vamos zelar pelas cores diferentes, agir pelas emotivas e racionais e saber dar uma qualidade a cada ser, sim a cada ser humano. Caso não sirva agir em torno das expressões, vá no fundo do baú e retire aquele seu nó na garganta, sabe se lá quanta coisa está presa aí há muito tempo.