Diálogos do inferno

Pensei em fazer um exercício, aliás foi-me sugerido isso, aonde eu pudesse conversar comigo mesmo. Se fosse só para falar sozinho, ainda vá lá. Mas é para dialogar. A princípio pensei ser isto impossível, mas à medida que fui dando vazão, apenas aconteceu. Está cru, não foi revisado.

Os personagens são o externo e o interno. Não sei ainda se o interno é somente o de dentro ou se ele está recluso, internado...

Externo: quem está no comando?

Interno: não sabemos.

E: como não sabemos, que plural é esse? Eu perguntei para você, pessoa única.

I: ora, como se fosse simples assim. Aqui dentro tem: o alegre, o triste, o solitário, o desconfiado, o paranóico, o disciplinado, o estudioso, o arteiro e o artista, o leitor, o escriba, o encrenqueiro e o pacificador. Um monte de gente como podes ver.

E: Mas isto não são pessoas, são personalidades...

I: portanto, a cada vez somente uma delas é que manda e no momento não sabemos ao certo.

E: Então pergunto: qual o clima.

I: céu de brigadeiro sujeito a tempestade tropical com direito a jogar merda no ventilador...

E: interessante...

I: lá vem o passante...

E: passante?

I: transeunte, melhor dizendo.

E: de onde saiu este? Este ainda não foi apresentado.

I: o transeunte é aquele que passa pela vida, pelos momentos, e nada vê. Depois precisa recordar.

E: recordar é viver...

Ocirema Solrac
Enviado por Ocirema Solrac em 16/03/2007
Reeditado em 26/02/2010
Código do texto: T415096
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