A maior e a menor velocidade....

O pensamento da gente voa de um lado pro outro numa velocidade incrível, ao mesmo tempo quantas e quantas idéias passam pela nossa cabeça, o que tem por fazer, o que fazer, se vamos fazer, se deixamos pra depois, e se deixar o que acontece, qual a melhor forma de fazer, o que desejamos que dê certo, que aconteça, por mais difícil que seja de vir a acontecer, sei lá, são tantas indagações, parece o que tempo é pequeno demais para tudo e outras vezes enorme demais e aonde poder-se-ia ter feito mais, faz-se menos, sei lá como dimensionar, mas talvez o bio-ritmo de cada um possa responder a esta questão, ou então a apreensão e a vontade de outros que as coisas andem mais apressadamente, sei lá, não consigo trabalhar devagar e acho que todas as pessoas também deveriam ser assim, mais rápidas, mais a frente, isto é, estar sempre um tempo a frente das necessidades, mas, temos que reconhecer que cada um é cada um, e talvez nem seja por mal, mas é o próprio estilo mesmo, o próprio jeito de como se acostuma com as coisas, com as situações sei lá, talvez seja bem por aí, sem maldade, sem nada é como é apenas e nada mais, talvez a vontade de ver pronto, a vontade de ver finalizado determinado serviço acaba por fazer-nos muito ansiosos em relação ao tempo dos outros, mas, as coisas bem que poderiam andar mais depressa, deveria haver mais velocidade nas coisas, mais ritmo, mais andança, não gosto de coisa muito parada, morna, lenta, lerda, sei lá, jamais gostei, gosto de tudo pra ontem, gosto de tudo a jato, gosto de tudo veloz, gosto do resultado final, conta gotas são conta gotas, o gotejar das conta gotas, são um pingo sem fim, e assim, tudo fica parado feito água parada juntando moscas e mosquitos, juntando larvas, sei lá, é monótomo, é chato, é custoso, as vezes penso que o próprio Criador, está correndo contra o tempo, as vezes parece que ele também deseja que um ano seja igual a um dia até para nós simples mortais, do jeito que o ano anda tão rápido talvez tudo vai se acabar quando para nós também, um ano fôr igual a um dia, mas vejam só, já estamos no mês de março, é o terceiro mês de um ano que começou ontem ainda, já aconteceram tantas coisas, tantos pessoas já morreram, tantos sofrimentos já aconteceram, tantos interrupções de vida já houve, umas de forma trágica e assim como dizer simultâneas, coletivamente, e outras que por já não suportarem mais tudo aqui até abreviaram os seus dias, o poeta se foi, os estudantes se foram, um presidente de um país também se foi, outros artistas também se foram e assim é, e há um monte para nascer, a cada esquina que se olha lá está uma mulher grávida, em meu bairro então nem se fala, o quanto tem de jovem grávida e tudo jovem mesmo de seus dezesseis ou dezessete anos, filhos que nascem sem família constituída, sem lar para ampará-los, outras que nem sequer sabem dizer quem é o pai da criança? E dá-lhes vida, vida que gera vida e assim vai e quando a morte gera a morte também assim vai, ô mundo contraditório e que se contradiz também, ô vida que surpreende a vida cada vez mais, ô sol que brilha lá fora, a tarde é a chuva que cai, e ela também vem e mata, mata as pessoas, mata sonhos, derruba casas, arranca árvores e faz o estrago que tem que fazer, afinal o homem aprisiona tudo, e ela nem quer saber chega que chega arrebentando tudo, passando imponente por cima da gente, lavando e levando, levando e lavando, e deixando pra trás os restos dos estragos espalhados no chão, no chão da gente e de toda a gente que faz as mudanças que o estrago depois desfaz!...