E  inesperadamente tudo fica fora de lugar, perco o prumo, perco  a calma, perco o foco.
Calma! falo para mim  neste diálogo interior, preciso saber lidar com o inesperado, com os extremos, nem tanto calmaria nem tanto loucura, nem tanto euforia nem tanto angustia. É preciso saber elaborar, administrar o prumo e o olho do furacao pois quando ele se aproxima  da nossa vida, parece tragar a beleza, a alegria e a esperança, numa virada radical. E de repento sinto-me assim  numa encruzilhada, vejo o mundo desmoronar, mas não quero nem pretendo desmoronar com o mundo. Tudo está acontecendo rápido demais, chega o vento e parece querer destruir  tudo, desmonta os pilares, as estruturas, as florestas, a inocência, as mudanças  chegam do nada, sem convite, sem aviso e deixam tudo no chão. Fica somente a perplexidade, a confusão, o susto, o sufoco, o vazio.

    Paradoxalmente preciso assegurar minha lucidez, minha  compostura, segurar o prumo, sem perder a perspectiva, evidenciando e resgatando a compreensão, traduzindo as emoções e sentimentos que inundam a alma, a mente e que tentam sufocar-me  num misto de desespero, tristeza e dor.
Permito que se aproximem, não recuo,não rejeito, acolho estas sombras partes de mim que revelam-se e de tão  sofridas, quase me esmagam, quase me dilaceram. Mergulho, vou fundo com a dor, choro, escuto, entendo, penetro no furacão, sinto os gritos e estertores sofridos, proprios dos  exilados do paraiso.

      Silencio.Busco refugio no meu coração, espaço sagrado onde minha divindade habita, eu, mestra de mim mesma,pitonisa sagrada que  resgata a propria força, num parto  hesitante, profetizando a vitoria sobre o medo,  a cegueira, e a escuridão.
É  preciso ter  cautela, cuidado e  amor, a casa está revirada, os fragmentos  estão soltos no ar, a luz retorna com sua leveza habitual, mas sei que  apenas amainou a pior  tempestade.
É  preciso estar  atenta e forte, aprendendo a lidar com a impermanencia que faz parte da vida,
porque o furacao não se foi para sempre,
em algum momento ele  vai regressar...
Mariangela Barreto
Enviado por Mariangela Barreto em 12/03/2013
Reeditado em 18/03/2013
Código do texto: T4185424
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