MERO DESABAFO

NA MANHÃ DE 16 DE MARÇO DE 2013

Jamais conheci mulher mais submissa nem mais rebelde do que eu, por isso a vida tornou-se isso, essa coisa sem saídas para lado nenhum, vida que o imperativo de um Dever e de um próprio corpo muito insuficiente não lhe permite mais, a essa mulher, o direito de se respirar, a essa mulher para quem a palavra “liberdade” tem o mesmo peso que a palavra “amor”, a essa mulher a quem a compreensão de ser ela uma eterna submissa rebelde tem sido negada, em nível nem gesto nenhum tem sido amparada pela chamada família nuclear, em especial e também... também por seres sobre cuja ausência e as implicações dessa ausência urge que ela, essa mulher, se cale... ausências e faltas de percepção que pesam, mais do que poderiam e deveriam pesar. A grande exceção fica por conta da presença, cada vez mais rarefeita (por força de tempos adversos, que tal rarefação de tempos impõe) do mesmo anjo da guarda encarnado, há 12 anos; à exceção de algumas pouquíssimas amigas aqui, no chamado mundo real, amigas queridas as quais, na verdade, quase coisa alguma podem fazer, mas, o fariam, certamente, se tal lhes fosse possível; à exceção, que ainda o permanece sendo (tomara o possa permanecer, sendo) da presença do Recanto das Letras na vida dessa mulher, a mais submissa e a mais rebelde de todas as mulheres que já conheci.

***********************************************************