SEM SONHAR, SEM VIVER

Na madrugada de 17 de março de 2013

Sem conseguir sonhar, sem ter já qualquer direito nem corpo de partir para tentar viver ainda alguma coisa, qualquer coisa parecida, um mínimo que seja, com ela mesma, a personagem anônima para si própria fica a olhar a noite escura lá fora, sempre do lado de fora da janela, noite só de nuvens a encobrir lua, a encobrir estrelas. Noite, no mais escuro sentido da palavra noite, no mais silencioso sentido da palavra noite. Ela fica a olhar, a olhar, sempre pelo lado de dentro da janela: é tudo o que lhe resta fazer. Tudo o que lhe coube e que lhe caberá, pelo mais solitário e incompreensível dos destinos que lhe foi dado em toda a vida conhecer.

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