AMADA... ESQUECIDA... FIEL

Na tarde de 31 de março de 2013

Poucas têm sido mais amadas e mais esquecidas do que eu; eu que tenho permanecido fiel; a meu modo, sempre, sempre fiel; de modos de fidelidade quase sempre incompreendidos e pouco aceitos, sempre fiel; solitária árvore no deserto, sempre fiel. Amada... esquecida sempre... sempre fiel.

Confesso que há tempos, como os de agora, em que me sinto muito cansada... cansada além de toda medida... mas, desconhecida que seja e esteja, exausta das minhas fidelidades, que esteja... permaneço, malgrado eu mesma, fiel. Às vezes, de fidelidades a parecerem meio... suicidas... ainda assim, permaneço fiel. Se isso seja crime, confio-me a um Deus que me perdoe, que a fidelidade a uns, Deus meu, muitas vezes, fere demasiado a outros, fidelidades que tantas vezes se batem, em duelo invisível. Que, à falta de perdão e de aceitação humanas, não me falte o Perdão da Mãe e o Perdão de Deus por essas fidelidades, em razão de suas, ah... incompatibilidades entre si.

Se haja quem ainda me ame, que ainda me haja, verdadeiramente, a chance de vir a ser compreendida e aceita, dentro da liberdade inalienável de cada um dos seres, de escolher me compreender e aceitar, ou não. A liberdade que reivindico para mim, de ser e de existir do jeito que sou, liberdade que sempre respeitei, sempre, sempre, em todos os mais seres da minha vida, a sua liberdade de ser e de existir, segundo a escolha – não me cabe dizer se certa ou errada – de cada um deles, esses seres todos da minha vida.

É verdade que sempre sonhei também com algum compromisso um pouco maior deles para comigo, dentro da liberdade deles de escolha, compromisso em atos efetivos, algum, qualquer compromisso comigo, no real de gestos para além das palavras. Se tal não tem ocorrido, ainda que isso me seja incomensurável dor, deve haver razões que levaram a essas ausências por parte deles: talvez porque me achem muito forte,muito resistente e guardem sua força para partilhar com e doar a seres mais frágeis... Ah, se soubessem... se quisessem saber...

Seja lá como for, a meu modo permanecer-lhes-ei fiel,ainda quando só o que eu queira seja partir, partida que jamais poderei nem nunca pude realizar... de ninguém... de ninguém... de ninguém...

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