SEM PROVA DE DELITO...

Escrevo sobre águas que se diluem

Para que não haja prova de delito

Nem registo de presença

Só eu sei que passei por ali

Só eu sei da força que me indicou o caminho

Perdido nas florestas do quotidiano

Onde cada perna é tronco de árvore indecifrável

Onde cada cabelo é folha que cai e se espezinha

E os troncos do último incêndio estalam debaixo dos meus pés

Estás presente em todo o lado

Mas mesmo assim não te consigo ver

Como se os meus olhos fossem cortinas fechadas ao tempo

Ou a minha alma cárcere de segurança máxima

Reclamando os últimos dias no corredor da morte

Não quero caneta nem papel para me expressar

Os meus últimos pensamentos foram escritos sobre águas

Que correram céleres mergulhadas no silêncio.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 19/04/2013
Código do texto: T4249698
Classificação de conteúdo: seguro