SEM PROVA DE DELITO...
Escrevo sobre águas que se diluem
Para que não haja prova de delito
Nem registo de presença
Só eu sei que passei por ali
Só eu sei da força que me indicou o caminho
Perdido nas florestas do quotidiano
Onde cada perna é tronco de árvore indecifrável
Onde cada cabelo é folha que cai e se espezinha
E os troncos do último incêndio estalam debaixo dos meus pés
Estás presente em todo o lado
Mas mesmo assim não te consigo ver
Como se os meus olhos fossem cortinas fechadas ao tempo
Ou a minha alma cárcere de segurança máxima
Reclamando os últimos dias no corredor da morte
Não quero caneta nem papel para me expressar
Os meus últimos pensamentos foram escritos sobre águas
Que correram céleres mergulhadas no silêncio.