DIA DE OUTONO
Amanheceu... O despertador tocou. Abri os olhos para o mundo, ouvi o barulho da primeira chuva do outono, senti o cheiro do barro vindo do quintal, constatei o movimento do chinelo de minha mãe no corredor da casa em direção à cozinha; relutei em levantar da cama, mas executei o ritual cotidiano até a saída para o trabalho: tomei o primeiro banho quente do ano, comi um sanduíche de queijo (com pão integral), bebi a vitamina de banana habitual, vesti-me com roupa e sapato sociais, dei umas borrifadas de Le Male (um dos meus perfumes preferidos para dias chuvosos), peguei minha pasta e parti rumo ao labor diário. No caminho, do lado de fora do carro, um dia cinza: chuva, congestionamento, buzinas, reclamações, xingamentos, ultrapassagens arriscadas, acidentes, multas; sem contar com os notíciários da rádio local informando o desmoronamento de barreiras e o alagamento de inúmeras ruas de Maceió. Só me resta uma coisa: esperar. Esperar que o trânsito possa fluir um pouco melhor, que o dia seja produtivo, que a chuva pare, que não haja mortes, que criminosos não se aproveitem dos índices pluviométricos. Espero ultrapassar mais uma batalha diária e chegar em casa após driblar o trânsito, a violência, a irresponsabilidade humana; espero dormir, sonhar com anjos e visualizar uma estratégia eficaz para vencer a guerra da vida moderna.
(Imagem: Internet)
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