O puro amor mesmo depois da morte.

Seria capaz de ser tão frívolo ao ponto de fazer juras de amor, quando ao menos tivera a intenção de amar-me? Fostes tão frívolo quanto. Disse-me para jogar-me do penhasco que jogar-te-ia logo após. Mas na verdade, deixou que eu pulasse sozinha, jogando a tulipa negra que outrora serviste para selar nosso amor. Mandaste-me fazer uso de vestes vermelhas porque é a cor do amor, ou para não ver-me sangrar? Tamanha foi minha decepção ao ver o sorriso malicioso bailar em teus lábios crispados que tampouco a chuva gélida foi capaz de lavar minhas lágrimas de sangue. E em meio a destruição que causou, meu coração insistiu a pulsar mesmo quando eu deveria estar morta. Como se não fosse suficiente, fostes egoísta ao ponto de roubar meu coração quando eu estava inválida demais para lutar. Fostes tão cruel que o jogou ainda pulsante no baú junto com os demais, cogitei que ao menos que iria guarda-lo individualmente, como prometeste. Juraste que eu era dona de seu coração, quando ele nunca passou de uma batida negra de uma chama solitária. Negou que vistes minhas lágrimas e disse para si que o vermelho era do meus trajes. Porém, atormentou-se quando viu que continuava o amando, e pela primeira vez, sentiu a dor destroçando-o por dentro...

Agora, afundada no precipício da dor, posso vê-lo desfazendo-se atrás da neblina orínica em cinzas asquerosas e impuras. Além do amor que continuo a sentir por ti, um sentimento novo tomou conta de minh'alma: Pena. Liberei-me a odiar-te, mas tampouco fui capaz de fazê-lo. Quiçá, por ainda amá-lo tão genuinamente como jamais me permiti a amar quaisquer outro.

amanda alxs
Enviado por amanda alxs em 27/04/2013
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