PENSO, LOGO EXISTO (E SOFRO COM ISSO)!
 
          
          Enchem-me de nostalgia as lembranças de minha infância não tão distante, quando os problemas comuflavam-se entre os sonhos, e o pensar não trazia sofrimento. Trabalhar, estudar, amar... correr, lutar, ultrapassar... escolher, brigar, mudar... comer, aprender, envelhecer... Para que tantos verbos no infinitivo? Vida adulta, por que chegaste tão depressa?

          Meus neurônios correm numa euforia de massa - e competitivos - tentam atacar uns aos outros; absorveram os ideais da sociedade contemporânea. Pobres sinapses nervosas, estão sendo destruídas, e este cérebro não consegue processar imagens claras e consistentes: leituras, peças processuais, cálculos matemáticos, diálogos; tudo parece um tormento. Pensar é belo para o filósofo e o poeta, mas o simples fato de existir alimenta suas preocupações. Doce infância, por que me abandonaste? Quisera eu ter nascido na "Terra do Nunca", ou ser ator para interpretar Peter Pan.

          René Decartes - sabiamente - divulgou o nobre pensar que ilustra o título deste texto; mas eu ainda prefiro a grande frase do herói Homem-Aranha: "Grandes poderes trazem grandes responsabilidades"... Penso, logo existo, e por isso:


 
" Oh! que saudades que tenho
Da aurora da minha vida,
Da minha infância querida
Que os anos não trazem mais!" (...)

(Meus oito anos, Casimiro de Abreu)

 
(Imagem: Internet)
Robson Alves Costa
Enviado por Robson Alves Costa em 30/04/2013
Reeditado em 09/05/2013
Código do texto: T4266973
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