Falsidade

Falsidade

Certo dia, peguei arpão, linha, anzol e cesto e sai para pescar

O sol estava alto e quente e a brisa soprava só sorrisos...

Sentei numa pedra que voava sem que eu sentisse

e lá fiquei por tempo demais...

Vi cardumes inteiros virem e passarem por mim

Pareciam até bonitos, mas não eram

Vi falsos cavalos marinhos se fazendo de amores

que simplesmente cavalgaram embora...

Já havia perdido o arpão quando me dei conta

que de tanta pescaria...de tantos sois e luas

de tantas noites e dias, pesquei só o que já era meu

Sequer pude atirar sem rumo

extravasar a raiva, pude não...

e agora, nem mais raiva ha

Em meu anzol já não ha isca

o pescar perdeu a cor, meu mar invadiu a rocha...

o cesto virou colo de flores púrpuras, e da linha bordei um vão

é, acho que esperei demais...até a lua já me disse isto

Pescar a noite, é para quem quer agulha!

Por mim, já basta...

Prefiro hoje comer só algodão doce.

Márcia Poesia de Sá.