ASSIM...

É um fim de tarde cinzento

Hoje, como podia ser outro dia qualquer

Aquela chuva miudinha que enobrece a vidraça

Como lágrimas a escorrer por face entristecida

É nobre, como sublime é o sorriso que lhe devolvo

Pernas arqueadas e mãos sobre os joelhos

Esqueço-me de tudo o que me revolta a mente

E embrenho-me na viagem da gota de água

Que acabada de chegar se vai desvanecer suavemente

Assim…

Como a delicadeza dos meus pensamentos

Dotados de memórias sobre peitos em sobressalto

Ou ombros tão macios quanto uma almofada de cetim

Lágrimas antigas encaixadas no baú do passado

Como a chuva miudinha que me aviva o olhar

Assim…

Para aquém da janela fechada livre de entraves

Num espaço isolado que me aquece o corpo

Sinto a alma carente de momentos de calma

Tocar-me o coração

Como se também ela, numa tarde cinzenta

Pernas curvadas e mãos nos joelhos

Beijasse as gotas de água até adormecer

Assim… num tranquilizante sono de criança.

Ângelo Gomes
Enviado por Ângelo Gomes em 27/05/2013
Código do texto: T4311918
Classificação de conteúdo: seguro