Big Brother do nada

Como seria ficar confinado por alguns dias e ganhar

Uma simples espiga de milho? Quase nada representaria

Para quem muita fome carrega; agradeceria a Deus,

Com certeza, mas não agradeceria ao Brasil ou a qualquer

Outro pais, que só pensa em vender garrafas e garrafas

De refrigerantes, água mineral e cerveja...

Agora como seria confinar um filho abastado numa casa

Bacana sabendo que ganharia no final um milhão em grana?

Com certeza seria maravilhoso, é uma pena! Porque quem

Continuaria com as mãos vazias seria o povo. Mas onde ficariam

A ética e a moral? - Que nada, isto não importa, o importante é sair

Por aquela porta sentindo-se o tal – Diria o ganhador.

E os irmãos do Centro-Oeste, Sul, Sudeste, Norte e Nordeste

Que moram em palafitas, como ficariam? – Isto também é bobagem,

O importante sou eu, cheio de grana caminhando no calçadão

De Copacabana vendo o sol nascer, o resto que se dane! Diria

O felizardo.

Como ficaria se quem corresse em busca de justiça social tivesse

Ao menos um real para comparar um sal de frutas na hora

Em que passasse mal? – Isto não é de minha alçada

É um problema do governo que fica olhando o sol nascer

Ao som da alvorada! - Diria finalizando o ricaço.

E eu diante dele me identificaria como um Big Brother do nada.

R J Cardoso
Enviado por R J Cardoso em 04/04/2007
Reeditado em 04/04/2007
Código do texto: T436813
Classificação de conteúdo: seguro