CHUVA

Que coisa mais bela: a chuva escorre pelas beiradas da janela, deixando nuvens secas e molhando o chão. A água que semeia a fertilidade do solo e a vida, enxaguando os campos e umedecendo os verdes pastos da nossa terra, transformando a vida e as pessoas em cidade.

As gotas vão se formando, correndo no vidro gélido, é um exército que se arma para cortar o estar utópico e calmo dessa gente tão bem vestida enquanto os carros passam aleatoriamente.

Transborda os céus a chuva salta e voa o sabor da ventania campestre, um manto se forma com a água e esta continua caindo, sem receios, sem medos.

As pessoas com seus guardas armados, protegendo-se do molhado a quem foge do fogo, correria dos imensos atrapalhados, esquecidos dos horários, e dos felizes por sentir na cabeça o elemento vindo direto de Deus.

Os passos por entre as poças, as moças a esconder-se com medo de estragarem o cabelo, os carros de janelas fechadas. E a chuva continua caindo, imponente, cheia de si, é ela fazendo a sua parte no cotidiano comum, rasgando a pasmaceira da vida tão seca em que todos estão acostumados.

Destruindo tudo o que ela resiste, o que ainda não é molhado por vida, ou quente, ríspido.

Fazendo dos rios o caminho de tuas ondas, e por vezes fazendo das ruas, o trajeto de seu transborno, resultado da soberania natural de sua ira, ou melancólico estado de ser.

As pessoas a admiram e a odeiam, a cantam ou desconversam, mas, olha que coisa mais bela é a chuva caindo.

Ao fundo o sol começa a surgir, e a luz destrói o opaco, ilumina as fracas gotas neste imenso manto que cai sem parar. As pessoas já não mais se incomodam com a garoa, e descruzando os braços, erguendo suas cabeças, chegam seus guarda-chuvas, e voltam ao seu velho, monótono e seco andar por entre as ruas.

inthemoonlight
Enviado por inthemoonlight em 05/04/2007
Reeditado em 17/05/2007
Código do texto: T438872